quarta-feira, 29 de julho de 2009

Feliz Aniversário João!


Uma criança prestes a nascer conversava com Deus:
− Disseram-me que hoje vou ser enviado à Terra. Como vou viver lá, se sou pequeno e indefeso?
E Deus disse:
− Entre muitos anjos, escolhi um especial para recebê-lo. Ele o estará esperando e tomará conta de você.
− Mas, Senhor... Aqui no céu não faço nada além de sorrir e cantar, o que é suficiente para que eu seja feliz. Serei feliz lá?
− Seu anjo cantará e sorrirá para você. A cada dia, a cada instante, você sentirá o amor do seu anjo e será feliz.
− Como poderei entender quando falarem comigo, se eu não conheço a língua que as pessoas falam?
− Com muita paciência e carinho, seu anjo o ensinará a falar.
− E o que farei quando sentir saudades e quiser falar com você?
− Seu anjo juntará suas mãos e o ensinará a orar.
− Eu ouvi que na Terra há homens maus. Quem me protegerá?
− Seu anjo o defenderá, mesmo que isso signifique arriscar a própria vida.
− Mas eu sinto que serei triste, porque não O verei mais, enquanto lá estiver!
− Seu anjo falará sobre mim. E o ensinará a maneira de vir a mim e a perceber que estarei sempre dentro de você.
Nesse momento havia muita paz no céu, mas as vozes da Terra já podiam ser ouvidas. A criança, agora tranqüilizada, pediu suavemente:
− Senhor, estou pronto para ir agora! Diga-me, por favor: qual é o nome do meu anjo?
E Deus respondeu: − Você chamará a esse anjo de... Mãe!
 
Parabéns a você, nosso querido e guerreiro, João!
Seis meses de vida. Seis meses de bravura.
Fique tranquilo. Sua festa, logo mais, vai valer por 6.
Te amamos muito.
Mamãe, Vitty, Vovó, titios, dindos, primos e amigos sem fim.


quinta-feira, 23 de julho de 2009

CANTIGA DA SAUDADE

VOCÊ, MEU PEQUENO GRANDE JOÃO,
CHEGOU EM MINHA VIDA
COMO UM SOPRO DE VENTO,
EM UM DIA INESPERADO,
NO CALOR DO VERÃO.
PEQUENINO NO TAMANHO SIM, 
MAS COM A VONTADE,
A CORAGEM E FORÇA DE VIVER 
DE UM GIGANTE.

NOS MEUS SONHOS TODAS AS NOITES
TE ACONCHEGO EM MEUS BRAÇOS
E CANTO MÚSICAS DE NINAR.
AO ACORDAR PEÇO COM FÉ
PARA ESTE DIA LOGO CHEGAR.

GOSTARIA DE TER ASAS PARA,
NA FORMA DE PASSARINHO,
PODER TE ENCONTRAR,
SENTIR O SEU CHEIRINHO
E COM MEU BIQUINHO TE BEIJAR.

A CADA DIA QUE SE VAI,
MEU AMOR É AINDA MAIOR.
PERMANEÇO ACREDITANDO
QUE VAMOS JUNTOS CAMINHAR.
VOU SEGURAR SUAS MAÕZINHAS 
PARA  O MUNDO TE APRESENTAR,
A CADA PASSO COMEMORAR SUAS CONQUISTAS,
AJUDAR EM SUAS DÚVIDAS
E QUALQUER LÁGRIMA ENXUGAR.

MEU PEQUENO GRANDE JOÃO,
MAIS UM DIA TERMINA. 
É MAIS UM SEM VOCÊ OU
UM A MENOS PARA 
EU TE REENCONTRAR?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O Macacão Azul e Outras Lembranças

Meu pequeno grande João.
Como e difícil encontra palavras para lhe falar da minha saudade.
Cada dia que passa eu imagino que é menos um longe de você, e assim 
fica mais próximo o nosso reencontro. 
Ainda estamos aguardando a justiça dos homens! 
Acho que pela primeira vez na vida estou de mãos atadas, sem pode fazer
absolutamente nada, somente esperar... 
São momentos de ansiedade, angústia e repletos de perguntas sem respostas!
Não consigo deixar de pensar em você. Será que cresceu um pouquinho? 
Suas risadinhas continuam gostosas e barulhentas ? 
Hoje separei várias das roupinhas que não lhe serviam mais e percebi que cada
uma tinha uma história gostosa ... O macacão azul, você ficava lindo vestido nele.
A comemoração quando começou a usar os de tamanho RN, isso com quase
três meses de vida, de tão pequeno que você era!
Meu filho amado, carrego suas fotografias para todos os lugares onde 
vou e estou sempre lhe falando sobre o que esta acontecendo. Tento lhe 
explicar e, mais do que tudo, transmitir a certeza de que você nunca foi 
abandonado e jamais esteve sozinho. 
Nos instantes mais dificeis, me apego a Deus e na Fé em sua justica. 
Sei que Deus não nos oferece nada que não possamos suportar e sei que
ele nos reserva dias e momentos lindos juntos! 
Meu filhote, mamãe esta aqui e esperando por você. Mantenha-se forte 
e corajoso.
Nosso reencontro será em breve.
Te amamos.
Mamãe Leticia e mana Vitty

Abaixo Assinado

Parar ajudar a tirar o João do abrigo e trazê-lo de volta para casa, acesse www.gopetition.com/online/29179.html
Obrigada.
Lê e Vitty

Laços Eternos

Meu pequeno grande João, hoje faz duas semanas desde a última vez que nos vimos. Lembro com imensa saudade dos beijos e abraços que lhe dei e as músicas que cantei para acalmar você naquelas horas de espera, antes de tirarem você de mim. 
Eu e a Vitty não conseguimos parar de pensar em você nestas noites frias. 
Será que você está quentinho?
Quanto de mamadeira esta tomando? Eu sei que você as vezes  é um pouco preguicoso para mamar. Será que quem cuida de você agora sabe disso?
A Vitty ontem me falou dos seus dentinhos. Você já estava mordendo suas mãozinhas e 
sabemos que daqui a pouco eles vão aparecer e gostaríamos de estar pertinho de você para lhe dar muito carinho neste momento. 
Naquele dia 02/07/2009, eu ouvi que não poderia saber onde você ficaria, nem lhe ver, devido a necessidade de eu ter que "quebrar o vínculo".  
Depois, durante todos estes dias, fiquei imaginando quais são as relacões de afeto que essas pessoas, as que tomaram esta decisão, possuem! Porque o verdadeiro amor não se perde no tempo. O sentimento sincero perdura mesmo com a distância. E a esperança do reencontro breve nos mantém fortes.
Em nenhum destes dias deixamos de imaginar o que você está fazendo e do que fomos abruptamente impedidas de compartilhar. 
Continuamos a viver a rotina dos nossos dias, mas sua presença continua forte em nossos 
coracões, na saudade que chega a doer, nos nossos sonhos quando dormimos, nas orações e conversas de todas as horas. 
Meu bebê, a vontade de pegar você no colo e te abraçar é tão intensa que, muitas vezes, tenho a sensação física de que isto está realmente acontecendo. 

Meu pequeno GRANDE JOÃO vamos manter nossos corações unidos e aquecidos pelo profundo amor que nos une hoje e para sempre.

Com amor,  
Mamãe Leticia e mana Vitty

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Vitty, mensagem da mamãe para você!


Vitty, querida. Eu gostaria que soubesse que tenho um orgulho imenso de ser sua mãe. 
Admiro sua generosidade, coragem, força e, acima de tudo sua Fé. 
Neste momento em especial você, com sua "experiência" de 10 anos, é capaz de me surpreender com palavras de consolo, otimismo e confiança. Tenho certeza que o João vai ter em você um exemplo de irmã. 
TE AMO FILHOTA. 
Mamãe Letícia

P.s:a tia Dri, sua preferida, pede para dizer que você é o orgulho dela também. A tia Déia, a segunda mais querida, pediu pra dizer que você é a "rata" mais amada do mundo...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Abaixo Assinado

Parar ajudar a tirar o João do abrigo e trazê-lo de volta para casa, acesse www.gopetition.com/online/29179.html
Obrigada.
Lê e Vitty

Das lágrimas à esperança.

João, ontem eu e a Vitty, depois de muito chorar, fomos dormir tarde da noite vencidas pelo cansaço. Hoje, fizemos nossa oração e, mais uma vez, falamos da saudades e do amor que sentimos por você. 
Meu filhote, nós acreditamos que as pedras que foram colocadas em nosso caminho e nos separam de você temporariamente, são provas que devemos suportar e aceitar sem murmurar. 
Vamos manter a fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabedoria. 
Sabemos que nada acontece sem sua permissão. 
Vamos nos manter perseverantes, confiantes e pacientes, pois sabemos que só assim teremos a energia e os recursos necessários para vencer cada um dos obstáculos.
Meu filho amado, mamãe sabe o quanto você é forte e corajoso. 
Rezo todas as noites para que seu anjo da guarda leve  meus beijos e carinhos  até você, em  seu berço,  para confortar seu coraçãozinho e sentir o quanto lhe amamos. 
Fique tranquilo meu bebê, vamos continuar contando sua história para que um dia você saiba que nunca, me um minuto sequer, o deixamos sozinho.
Nossa separação é apenas temporária e  física, pois nosso  coração está sempre com você.
Com amor,
Leticia Mamadi e Vitty

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Quem vai ouvir o nosso pranto?

João, não estou conseguindo falar direito. 
Acabei de receber a notícia de que o desembargador indeferiu o nosso pedido de soltura. 
Sim meu filho,  você está preso em um abrigo por um crime que não cometeu. E vai, segundo a nossa justiça, continuar aí por no mínimo mais 40 dias
Sim meu filho,  eu também estou presa na impossibilidade de tirar você daí por meus próprios meios. Meu amor não basta à justiça, muito menos me dá o direito de proteger você.
Sou a bandida perante os olhos da lei!
Ah meu filho, queria dizer para você ser forte e não chorar.
Mas não vou fazer isso, porque hoje a única coisa que sou capaz de fazer é chorar. 
Chorar a sua ausência.
Chorar a minha impotência.
Chorar a dor de ter você  longe de mim.
Chorar por tudo que não posso fazer por você.
Chorar. Simplesmente chorar.

domingo, 12 de julho de 2009

Abaixo Assinado

Parar ajudar a tirar o João do abrigo e trazê-lo de volta para casa, acesse www.gopetition.com/online/29179.html
Obrigada.
Lê e Vitty

Não pendure as botinhas!

João, não pendure as botinhas tão cedo.
O jogo não está perdido enquanto Deus é capitão.
Amamos você.
Mamãe e Vitty

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Abaixo Assinado

Parar ajudar a tirar o João do abrigo e trazê-lo de volta para casa, acesse www.gopetition.com/online/29179.html
Obrigada.
Lê e Vitty

Você, assim como o Timão, vai voltar!

Meu filho, que saudades.
Hoje faz uma semana que não nos vemos. Os 8 dias mais longos da minha vida.
Não sei onde, nem como você está.
Não poder te ver, abraçar e beijar é um sofrimento sem tamanho.
Desde que você se foi parece que a vida parou e nossa casa ficou mais silenciosa e espaçosa. 
Em todos os meus sonhos vejo o nosso reencontro.
Eu e sua irmã Vitty tentamos achar respostas para terem nos sepadado desta forma.
Nos perguntamos a todo instante o que temos de aprender?
Será que nosso amor por você está sendo testado?
Todas perguntas sem respostas.
Nesses dias que se arrastam, o que me consola é a solidariedade e o empenho demonstrado pelas pessoas
João, você não imagina quantos corações já conquistou!
Em razão do feriado, teremos longos dias pela frente até nossas vidas serem definidas pela justiça. 
Não consigo deixar de imaginar como será a vida do Desembargador que irá decidir o nosso futuro. Será que ele tem filhos e família? Será que ele vai conseguir se colocar no meu lugar e entender o amor que sinto por você ou a dor da nossa separação? 
Por isso, a toda hora fecho meus olhos e tento conversar mentalmente com ele. Explico minhas atitudes, peço que Deus o ilumine e toque seu coração no momento de tomar a decisão.
Não vejo a hora de chegar segunda-feira, mas o medo de não receber a única notícia que devolverá minha alegria, entusiasmo e otimismo permanente, me deixa angustiada.
Meu pequeno grande João, meu coração e pensamento estão com você. Vamos nos manter unidos pela Fé de que a Justiça de Deus nunca falha e pelas sabias palavras do seu padrinho Ricardo: O João é como o Timão, vai voltar!!!
Com amor, 
Mamãe.
 

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Oração para o Papai do Céu

Filho, já anoiteceu e você não veio.
Mas mamãe não está triste não.
Ajoelhei-me agora aos pés do seu berço
e fiz a seguinte oração:
"Querido Papai do Céu, abençoe
as pessoas que cuidam do meu João.
Torne doces as suas palavras para com
o meu menino.
Que seus braços sejam quentes quando o
pegarem no colo.
Roupinhas limpas, mamadeiras gostosas e
muitas brincadeiras ele espera.
Que lhe sejam feitas todas as vontades.
Amém"

Tenho certeza meu bebê, que Deus está
ouvindo as minhas preces e os Anjos do
Céu estão embalando os seus dias longe de casa.
Com amor,
Mamãe

Um brilho de esperança.

Querido filho,
Hoje é quarta-feira e está um dia lindo, todo azul.
Eu e a Vitty acordamos diferentes, abraçadas na possibilidade, mesmo que remota, de você voltar para casa.
Ontem nosso advogado protocolou um pedido de agravo para seu retorno, mas também nos alertou sobre todas as possibilidades e procedimentos jurídicos, para não criarmos falsas expectativas.
Estamos tentando manter a calma e controlar a ansiedade, mas é impossível não nos apegar em uma chance, seja ela do tamanho que for. 
Ontem à noite tinha uma lua linda no céu cercada por aquelas duas estrelas nas quais a mamãe colocou o seu nome e o da Vitty. Elas brilhavam muito. Creio que estavam com saudades das nossas conversas quando nós  três, deitados na cama,  fazíamos nossos pedidos.
Nossa alegria no dia de hoje está na esperança de ter você novamente ao nosso lado na hora de dormir.
Não esqueça João, nosso coração está com você.
Mamãe e Vitty

terça-feira, 7 de julho de 2009

Abaixo Assinado

Parar ajudar a tirar o João do abrigo e trazê-lo de volta para casa, acesse http://www.gopetition.com/online/29179.html
Obrigada

Mais um dia longe de você.

Filhote querido, hoje já faz 5 dias que nos separamos.
Os dias se arrastam e meu coração chega a doer de tanta saudade.
O que será que temos a aprender com tudo isto?
Cada segundo é uma angustia por não poder ver, abraçar, beijar e proteger você.
Lembre-se João que mamãe está aqui fazendo de tudo para que você volte logo para casa.
A cada amanhecer minha esperança em receber uma boa notícia se renova.
Meu pequeno grande João, mamãe sabe que você é muito corajoso. Por isso, mantenha-se forte. 
Te amo.
Mamãe.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

ABAIXO ASSINADO

Parar ajudar a tirar o João do abrigo e trazê-lo de volta para casa, acesse http://www.gopetition.com/online/29179.html

domingo, 5 de julho de 2009

João, meu filho. Minha luta.




No final de junho de 2009, foi iniciado o processo para eu conseguir a guarda provisória do João. Foi solicitada uma entrevista comigo e com a genitora, conduzida por uma psicóloga e uma assistente social, em um Fórum de São Paulo. O João teria que estar presente.

Nesta entrevista contei toda a nossa história. Estranhei a forma com que fui tratada onde, além da frieza, os questionamentos foram sempre realizados no sentido de que eu havia cometido um enorme erro. Entre as pouquíssimas perguntas relacionadas ao bem estar do João, queriam saber se ele havia ficado com alguma seqüela???? Quando abri meus braços para receber o João em minha vida, em nenhum momento tive essa preocupação já que, caso isso acontecesse, eu iria buscar toda a ajuda necessária para cuidar dele.

Saí da entrevista com a Assistente Social e Psicóloga me sentindo estraçalhada e, de forma simples, “judiada moralmente”. Ainda assim, pensei que esta metodologia de abordagem serviria para avaliar as minhas reais condições de cuidar do meu bebê. Nunca tive a intenção de prejudicar ninguém ou ferir interesses de terceiros.

A entrevista com a genitora foi realizada logo após a minha, sem que ela tivesse demonstrado qualquer interesse em conhecer o João que estava ali, disponível, a poucos passos do seu abraço.

Na semana seguinte, 01.07.2009, foi agendada uma audiência com um juiz no mesmo Fórum. A psicóloga solicitou que minha mãe comparecesse para fazer uma entrevista com a assistente social, pois, por eu ser solteira, seria necessário confirmar que eu tenho uma estrutura familiar. Além da minha mãe, foram convocadas diversas testemunhas, entre elas os médicos que cuidaram da genitora e fizeram o parto do João.

A genitora também compareceu a esta entrevista com a assistente social. Talvez, devido a minha formação como psicóloga, senti um tratamento diferenciado por parte da Assistente Social para com a genitora. Tudo bem, isso não é problema, já que temos a tendência (incluindo eu) a tratar as pessoas menos abonadas com maior deferência em casos como esses.

Enquanto aguardavam a audiência, as testemunhas relataram que a genitora novamente demonstrou pouco interesse pelo João, apesar de ele estar, novamente, disponível ao lado dela. Uma mãe arrependida e com chance de ter seu filho novamente em seus braços perderia essa oportunidade? Uma mãe com sentimentos reais pela criança não choraria? Uma mãe ficaria deitada no banco do Fórum, descansando, enquanto seu filho aguarda acordado, por horas a fio, que sua situação com a justiça seja resolvida?

Para concluir essa primeira parte da história, relato os últimos acontecimentos: ambas as partes (mães e advogados) entraram na sala de audiência. A genitora num único ato, nunca antes enunciado, perante a Juíza informou interesse em ficar com o bebê, meu pequeno João. A Juíza, ao saber que a genitora não tem emprego, não tem casa (mora com parentes) e não tem sei lá o que, determinou que o João fosse imediatamente encaminhado para um abrigo de menores por 60 dias para avaliar as reais condições e interesse desta genitora em cuidar do seu filho. Caso isso não ocorra, ele será encaminhado para adoção.

A mim coube manter-me longe do João, entregando-o aos braços da justiça e, pelo gesto vil de ter lhe dado a vida, meu coração e minha vida, nunca mais procurá-lo.

Meu Deus, que justiça é essa?
Meu Deus, como não chorar pelo meu bebê?
Meu Deus, nunca senti dor maior do que a de ter que entregar o meu João, as 21h de uma quinta-feira fria e chuvosa, aos braços da justiça.
Quem está cuidando do meu João?
Ele está com frio?
Ele está com fome?
Alguém sabe os remédios que ele toma?
O leite que ele gosta?
As vacinas, alguém me perguntou quais ele tomou?
Meu Deus, que os anjos do céu estejam protegendo meu bebê.
Passaram-se 5 meses desde o começo desta história. O João, mais do que conta do meu coração, tomou conta da minha vida, da sua irmã Vitty e de toda nossa família.

A vida do João já está atrelada à nossa. Não existe felicidade sem ele ao nosso lado, sem seu sorriso, sem a sua presença em casa.

Meu filho, o que tenho que fazer para trazer você de volta?

João, uma nova vida em nossa família.



Era uma sexta-feira linda quando trouxe meu pequeno e frágil João para casa. 



Imediatamente ele ganhou uma família completa. Mãe, irmã, cachorro, tios, tias e avó. Um amor imenso nos invadiu e mudou nossas vidas completamente.

Transformamos nossa rotina para cuidar do pequeno João. Foram necessários diversos cuidados especiais com alimentação, médicos e exames complementares em razão dele ter nascido prematuro e ficado sem oxigenação.

Nos primeiros dias, em razão da subnutrição e da fragilidade do meu pequeno, ao tirar suas roupinhas para o banho ele chorava muito, mas com o passar do tempo a água passou a ser uma diversão. No primeiro mês o João mamava 30 ml a cada 03 horas. Tínhamos que acordá-lo para as mamadas durante a madrugada e mantê-lo desperto por causa do refluxo e por ele sempre engasgar após alguns momentos.

Com o passar dos dias o João já fazia conquistas. Se alimentava melhor, passou a ganhar peso, crescer e a nos olhar com seus olhos brilhantes e longos cílios. A cada uma dessas vitórias vibrávamos.

Durante todo esse período me preocupei em legalizar a situação de adoção do João. Foi agendada uma entrevista técnica com a assistente social e uma Psicóloga com solicitação de que a genitora também comparecesse. Corremos atrás dela, localizamos a mesma e informamos sobre a necessidade de ir ao Fórum.

Eu me sentia apreensiva, pois esta era uma situação nova e diferente, mas ao mesmo tempo confiante. Afinal, tive todo o cuidado de documentar todas as etapas, mostrar toda a legalidade de meus atos, pois queria dar continuidade a minha vida e a de meus filhos e acima de tudo, dar um nome ao João. O meu nome, o nome da minha família.

Mas a partir daí, a minha pressa em legalizar a situação passou a ser o motivo de meu maior arrependimento. Caso eu não tivesse tomado esta atitude meu pequeno João estaria aqui, embalado em meus braços.

O nascimento do João.



No dia 28.01.2009, o meu médico me ligou para informar que a genitora havia entrado em contato com ele dizendo que estava com sangramento, o que poderia indicar ruptura da placenta, sofrimento para o bebê e risco para a mãe.

Considerando a gravidade da situação, me prontifiquei a auxiliar e apoiar no que fosse possível, sempre tendo em mente, até pela minha experiência como mãe, de que a genitora poderia se arrepender de doar. Não via qualquer mal nisto, estava agindo de acordo com meu coração e já me sentia feliz em ajudar.

O João chegou ao mundo as 00:05h do dia 29.01.2009. Caso o parto tivesse acontecido instantes depois, ele não sobreviveria. Seu apgar foi 2 e ele precisou ser reanimado e encaminhado para a UTI.

Independentemente do que pudesse acontecer, já estávamos muito felizes, porque o João mostrou-se um guerreiro. Ele brigou para viver e nos sentir como auxiliares em sua luta já nos causava uma enorme satisfação. Este sentimento nunca poderá ser tirado de nós. Se fosse a vontade de DEUS permitir a nós levar o João pela mão à caminho da vida, nós iríamos fazê-lo.
Durante todo esse processo, as informações passadas pelos médicos foram de que a genitora, em nenhum momento, manifestou interesse em ver o bebê ou demonstrou qualquer tipo de preocupação ou interesse em saber sobre a sua saúde. Por esta razão, mantive a minha intenção de adotar o bebê independente de seu estado de saúde.

A genitora também falou a diversas pessoas na maternidade que não queria ficar com o bebê e que estava dando o mesmo. A assistente social ao ter conhecimento desta situação informou à genitora de que teria que informar ao conselho tutelar e juizado de menores.

No entanto uma situação atípica ocorreu. A UTI da maternidade onde o João estava internado seria fechada naquele dia e ele teria que ser transferido para outra maternidade.

Diante deste quadro, e em razão da mãe não ter manifestado qualquer interesse em conhecer o bebê, nem a intenção de registrá-lo, meu médico entrou em contato comigo para me informar que a assistente social queria conversar comigo e com meu advogado. A assistente social fazia questão da presença do advogado para que o mesmo pudesse documentar a doação por parte da mãe. A princípio meu advogado alegou que estaríamos nos expondo e, por esta razão, não achava pertinente comparecer. Cansei-lhe com meus argumentos e ele me acompanhou.

Na maternidade, a assistente social nos informou que necessitava documentar a doação do bebê por parte da genitora. Meu advogado compareceu ao apartamento da genitora, explicou-lhe tudo o que estava acontecendo e sobre a necessidade da mesma registrar o bebê e formalizar a doação do João para que pudéssemos pedir a guarda provisória. Todas essas ações foram lidas e explicadas detalhadamente, para que não causassem qualquer tipo de dúvida e tomadas na presença de testemunhas (Assistente Social e o Oficial do Cartório da Maternidade), que atestaram o pleno estado de compreensão da genitora. Na mesma data em que a genitora assinou estes documentos ela escreveu uma carta de próprio punho autorizando a transferência do João de UTI.

Era uma sexta-feira chuvosa e aguardei a transferência do João para outra UTI. Ainda não conhecia o João, isto só foi acontecer 03 dias depois, mas mesmo assim já sentia aquele pequeno ser como meu filho.

João ficou na UTI por aproximadamente 8 dias e fui visitá-lo todos os dias. A cada dia me apaixonava mais. Me doía ver aquela pessoa pequenina e frágil coberta de de fios pelo corpo. No dia que me deixaram pegá-lo no colo pela primeira vez senti uma sensação mágica. Me senti uma leoa, pronta para defendê-lo, cuidar e amá-lo profundamente. Meu bebê estava tão indefeso...

Com muita valentia, João recebeu alta no dia 06.02.2009. A genitora compareceu ao hospital onde ele estava internado, pois seria necessário que ela assinasse a alta para a entrega do bebê. Embora com um aperto no coração, pedi que caso a genitora tivesse interesse em ver o bebê lhe permitissem, pois se ela manifestasse qualquer tipo de arrependimento poderia voltar atrás em sua decisão de doá-lo. Ela pediu para vê-lo e, sem manifestar qualquer tipo de emoção, virou as costas e se foi.

Uma semente. Uma esperança.

Meu nome é Leticia e Vitty é minha filha de 10 anos. Por já me sentir realizada como mãe, nunca pensei em adoção. Mas por uma daquelas situações inexplicáveis, na data de 14.01.2009, soube por um amigo da história de uma mãe que queria dar o filho.

Como uma luzinha que se acende, na hora, manifestei interesse em ficar com o bebê que iria nascer. Pedi para este amigo verificar se esta era a real intenção da genitora.

Ao receber a confirmação da história falei com meu médico que me alertou sobre histórias deste tipo. O doutor me pediu para examiná-la e avaliar quais seriam as reais intenções da mesma e, caso identificasse qualquer tipo de sentimento contraditório ou dúvidas relacionadas com a adoção, me alertaria para que eu não me envolvesse. Me comprometi a seguir suas orientações. “Se a genitora tivesse qualquer dúvida eu não iria fazer absolutamente nada.”
Logo depois, recebi uma ligação do meu médico, dizendo que conversou, entrevistou a genitora. Falou sobre as belezas da maternidade, o possível arrependimento de doar o próprio filho entre outras coisas. Porém, a genitora mostrou-se firme em seu propósito de doar o bebê.

Durante a conversa a genitora foi orientada sobre os cuidados que deveria ter com a gravidez. Isso ocorreu no dia 21.01.2009, aos 07 meses de gestação, sua segunda consulta pré-natal.

Ao me envolver nessa história, só pensei no bem estar do bebê. Não queria saber sua cor, raça, ou qualquer tipo de característica. Imaginava como ele seria, assim quando geramos um bebê em nosso ventre, mas meu único desejo é de que ele tivesse saúde e mesmo que isto não ocorresse, ele ainda continuaria sendo meu filho. Era exatamente assim que eu me sentia em relação ao bebê que iria chegar.

Neste mesmo período, procurei um advogado e lhe contei sobre o que estava acontecendo. Ele me alertou sobre os procedimentos a serem seguidos em caso de adoção. Falou da inscrição na fila e de vários outros aspectos que não seriam nada favoráveis ao meu caso. Mesmo assim, lhe disse que neste momento eu estava pensando com o coração, não poderia usar a razão. Seria o mesmo que dizer “João agora que você me deu um sinal de que precisa da minha ajuda para nascer, espere um pouco porque preciso cumprir a parte burocrática...”. Não, eu não poderia voltar atrás. Não se tratava de qualquer criança. Era o João !!!!