sábado, 22 de maio de 2010

A volta do João - Parte I

Queridos amigos....

Cheguei em casa ontem e, assim como tenho feito nestes últimos três meses, abri a porta de casa com cuidado, ansiosa, esperando pela alegre recepção. Normalmente, a Vitty vem eufórica me contar as novidades da escola. E meu pequeno grande João, a “bordo” de seu andador, de braços estendidos chamando ”mamã”. Uma festa !!!

Ontem, passei meio ressabiada pelo silêncio e fui até o quarto onde encontrei meus dois festeiros dormindo abraçadinhos na minha cama. Fiquei parada por alguns instantes e, naquele momento, fiquei pensando quais seriam as palavras para descrever o meu sentimento. Alegria, emoção, felicidade? Eram todos estes juntos, mas, nem de longe, o suficiente para explicar o que eu senti.

Daqui a alguns dias vão completar 3 meses que o João voltou para casa. Desde então, minha vida foi uma correria doida que me deixou pouco tempo para os “posts” no blog. Mas o objetivo desde o início é deixar aqui a história do João inteirinha registrada.

Sempre escrevi aqui que nada é por acaso. E, na segunda quinzena de fevereiro, acredito que todos os meus anjos da guarda estavam de prontidão e apareceram na minha vida com diversos nomes: Maurício, Rita, Silvio, Domitila, Rose, Sérgio, Antônio, Paulo...

Numa das inúmeras ligações feitas ao advogado perguntei sobre o processo. Ainda estávamos na mesma fase burocrática. Neste dia ao ouvir sobre a falta de previsão senti uma enorme aflição, pois um dia na vida de uma criança faz uma diferença enorme.

No dia seguinte acordei e, ao invés de ir para o trabalho, fui para o local onde ficava o Gabinete do Desembargador que eu supunha cuidar do caso do João. Fiquei sentada no hall durante duas horas sem saber ao certo o que eu estava procurando ou o que iria falar. Minha única companhia era o celular, que tocou algumas vezes, com a voz a voz aflita do meu advogado preocupado em saber se eu seria maltratada. Me lembro de dizer para ele que ficasse tranqüilo, pois eu saberia a hora de ir embora. Não falei com ninguém e fui embora.

Mais tarde, liguei para o gabinete do Desembargador e quem me atendeu foi a Rose. Ela ouviu minha história e perguntou se eu havia falado com a Juíza. Disse a ela que nem sabia que poderia falar com uma Juíza. Ela insistiu, ligou para a Juíza e pediu que eu ligasse em seguida. Foi o que fiz. Mais uma vez contei minha história e ela marcou de me receber junto com meu advogado. Lá fomos nós, em plena segunda-feira, para o Tribunal. Conversamos com a Juíza, extremamente profissional e muito atenciosa, que conheceu minha história e ouviu os argumentos do meu advogado. Depois, um sobe e desce escada para realizar uma petição e passar pelo cartório. Na quinta-feira, recebemos a notícia de que o julgamento seria na próxima segunda. Minha comemoração não foi maior porque a segunda-feira seguinte seria carnaval e, por essa razão, teríamos que aguardar até o dia 22/02.

Neste intervalo de 11 dias, através de um primo querido, tive a oportunidade de conhecer e conversar com o Dr. Antônio, um profissional que faz um trabalho muito bonito na área da infância e juventude, me disse ser um processo difícil, mas que existiam “milagres”! Me lembro de dizer ao Dr. Antônio que nunca tive qualquer intenção de prejudicar ninguém e, por mais que estivesse sofrendo muito, agradecia o fato de NÃO CONHECER DE FORMA PROFUNDA OS PROCEDIMENTOS PARA ADOÇÃO, pois, provavelmente, teria virado as costas e a história do João seria outra. Ele, muito profissional e gentil, pediu para eu não me culpar por AMAR. Agora, faltavam mais 04 dias para o julgamento do agravo.

Finalmente chegou dia 22.02, SEGUNDA-FEIRA. Lembro direitinho deste dia. Quase não consegui dormir. Estava com uma expectativa enorme e eu sabia que esta era a melhor chance que tínhamos desde o dia em que o João foi tirado dos meus braços. Lembro também da reação das pessoas quando eu falava sobre esse ser um grande dia. Acredito que por receio de me ver mais uma vez triste ou frustrada caso o resultado fosse negativo, desejavam boa sorte sem muito entusiasmo.

Cheguei ao Tribunal as 12:00. Fiquei uns 45 minutos sozinha, sentada em um sofá, rezando. A hora se aproximava. Um misto de ansiedade e receio se misturavam dentro de mim. Quando entramos na sala observei atentamente o local do julgamento, um lugar imponente, juízes e desembargadores em trajes próprios e eu, lá na frente, sentada entre meus advogados.

Logo depois, entrou na sala “nosso” Desembargador com um papel na mão. Meu advogado cochichou em meu ouvido que ele estava trazendo sua decisão pronta. Eu já nem rezava mais. Apenas implorava mentalmente para que Deus ouvisse minhas preces. Começaram a ler a DECISÃO. Eu estava tão nervosa que não conseguia me concentrar nas palavras ditas. Baixei a cabeça e novamente comecei a rezar. Como em um sonho, olhei para meu advogado que, com lágrimas nos olhos, disse aquilo que eu ESPERAVA OUVIR HÁ 07 MESES: “Vamos buscar o João!!!”. A minha vontade era pular e gritar de tamanha felicidade. Olhei para “nosso” Desembargador e o abracei mentalmente. Sai daquela sala dando pulos de alegria. Liguei para casa para contar a Vitty que eu iria buscar seu irmãozinho. Falei com meu irmão, irmãs, primos,... E lá fomos nós cumprir as formalidades para reencontrar meu filhote.

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